Como o seu nome sugere, A Piscina Mirabilis é, por si só, maravilhosa. A grandeza sutil dos imponentes arcos subterrâneos faz-nos questionar como algo tão belo está atualmente sem vida. A resposta está na sua utilidade. Já não é usada como reservatório. Embora não seja necessária uma grande intervenção para lhe dar vida novamente, ela precisa de um novo propósito. Com base neste princípio e na crença de que a arquitetura não é apenas a construção de elementos, mas também de espaços, o projeto visa uma intervenção minimalista que permita que a ruína permaneça como está, simplesmente adicionando nova funcionalidade à sua estrutura.

O projeto articula-se em uma dualidade programática, reimaginando a experiência museológica para melhorar o uso e afetar a forma como as pessoas o experimentam. A face externa da ruína abriga espaços de congregação e instalações públicas, acessíveis independentemente do horário de funcionamento do museu, fomentando uma conexão contínua entre a comunidade e o patrimônio. O âmago da estrutura é dedicado à contemplação silenciosa e ao respeito, onde a arte dialoga com a pré-existência histórica, aguardando que cada exposição complete sua narrativa.

A troca social é fundamental para o projeto, pois é através da memória individual que ocorre a recordação coletiva, contribuindo para a preservação da ruína. O museu ganha flexibilidade e multifuncionalidade, tornando-se uma referência para o exercício da cidadania, um lugar de arte e história, bem como um espaço para palestras, oficinas, eventos culturais, venda de produtos locais e outros usos espontâneos. O museu devolve a mesma quantidade de espaço público que toma emprestado, tanto exibindo cultura quanto servindo como palco onde ela é criada. Arte e arquitetura tornam-se uma só, e você não está apenas olhando para a arte, está completamente imerso nela, assim como, no reservatório, as colunas estavam outrora imersas em água.